Segurança personalizada
Para evitar invasões e roubos, 15 mil residências e empresas do Rio usam a identificação digital
Christina Nascimento e Cristiane Campos
Rio - Cresce o número de residências e até empresas que usam sistemas de identificação digital — biometria — para evitar assaltos e roubos. Ligada a sofisticadas centrais de monitoramento 24 horas, a tecnologia de reconhecimento por impressões digitais já é usada em larga escala em São Paulo. Por causa do alto grau de eficácia, está sendo adotada também no Rio. Modernidade a serviço da segurança, que tem ganho cada dia mais adeptos. Estima-se que 15 mil equipamentos tenham sido instalados nos últimos anos no estado.
Através de um toque de dedo, moradores, visitantes e funcionários têm entrada e saída monitoradas. O índice de falha é de um em cada um milhão. Prédios na Barra da Tijuca e Zona Sul são os primeiros a contar com a segurança digital.
No condomínio La Maison Gauguin, da Carmo e Calçada, lançado na Península, Barra da Tijuca, a porta social de cada apartamento terá a entrada liberada por digitais. Ao planejar o Fontvieille, seu primeiro condomínio no Rio, a empresa JC Gontijo, que atua no mercado de apartamentos de luxo em Brasília, também incluiu o sistema no projeto, feito em parceria com a Carvalho Hosken. São apartamentos de quatro suítes, no valor médio de R$ 1,5 milhão.
“O sistema é um diferencial. Hoje, a segurança é grande preocupação das famílias na escolha de um imóvel. No Fontvieille, o acesso apenas será permitido a pessoas cadastradas com autorização do proprietário. O cadastro poderá ser de um dia, uma semana ou o tempo que o morador definir”, explica o engenheiro Márcio José de Souza, superintendente de Obras da JC Gontijo.
Ele destaca que o sistema também foi desenvolvido para detectar quando o morador está entrando no prédio em situação de risco, através do código de coação. A central de monitoramento percebe se o usuário está em perigo porque o acesso é feito com o dedo que foi cadastrado para indicar a situação. “Não falamos só de câmeras e homens bem treinados, mas de controladores de acesso e leitores de fibra ótica que identificam moradores”, afirma Ricardo Corrêa, diretor de Marketing da Carvalho Hosken.
O Grupo Zayd também oferece o sistema no Le Jour, no Recreio dos Bandeirantes. O acesso às partes comuns do prédio será feito por digital do dedo indicador.A busca pela modernidade é para competir com artifícios que assaltantes usam para burlar esquemas de segurança tradicionais, como câmeras, cerca elétrica e alarmes. Dados da Secretaria de Segurança Pública revelam que, em média, 10 estabelecimentos comerciais são assaltados por dia. Nas residências, são três por dia.
Cinqüenta bancos de São Paulo e do Rio estão testando um sistema conhecido como palm vein — identificação por sensores capazes de ler o padrão das veias das mãos. Num outro modelo, a leitura da impressão digital considera a pressão sangüínea. “Temos controle dos funcionários que vão para cada departamento. São 800 impressões cadastradas”, disse o gerente de tecnologia do Casa Shopping, Tony Hunter. A empresa vai instalar o sistema por íris.
LEITURA FACIAL E DA RETINA NA ENTRADA
O modelo com sistema de acesso biométrico já é usado em vários edifícios comerciais na cidade. No prédio do ABN Real, no Centro, por exemplo, a identificação dos funcionários e dos visitantes é digital. Indicada para grandes corporações, devido ao preço, a leitura facial é um software sofisticado que digitaliza a face da pessoa, capturando detalhes do rosto. Outra opção é pela leitura da retina. “O crescimento no segmento está relacionado à violência. Esse cenário tem causado uma mudança. As pessoas passaram a priorizar a segurança preventiva”, comentou o diretor de Comunicação da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), Oswaldo Oggiam.Líder no uso do sistema no País, São Paulo contabiliza 40 mil pontos de identificação biométrica. Um deles está na casa do prefeito da capital, Gilberto Kassab. Na opinião do gerente de tecnologia e segurança da Astech, Vinícius Salgueiro, o dedo-duro, como foi apelidado, pode ser programado e em pouco tempo deve substituir crachás, chaves, cartões e senhas. “Quando se entrega a chave para um empregado, corre o risco dele fazer a cópia e entrar quando você não estiver. Com a digital, não há o risco”, explica Salgueiro.
Modelo tem custo elevadoO especialista em Segurança Predial do Secovi Rio, Raimundo Castro, diz que a implantação do sistema digital ainda é caro. Agora, quem compra um imóvel com esse diferencial está fazendo um bom negócio, porque, além da segurança, há uma valorização do bem. O diretor-presidente da Ética Imobiliária, Marlei Feliciano, concorda que essa tecnologia agrega valores, mas reforça que a implantação do modelo tem custo elevado.“Existem sistemas de segurança mais acessíveis. O aparelho de DVD custava caro e hoje é possível comprar por R$ 199”, compara Feliciano. Castro esclarece que o custo do sistema digital depende da quantidade de pontos de controle de acesso.
“O gerenciador, por exemplo, custa em média de R$ 8 mil a R$ 12 mil e os pontos estratégicos com leitoras custam R$ 1.500 cada. O investimento vai depender da saúde financeira do condomínio. Temos um edifício em Ipanema, com apenas cinco apartamentos, que está implantando o modelo”, exemplifica Castro. Ele destaca a importância de investimento em mão-de-obra qualificada aliado à tecnologia.
Fonte - Jornal O Dia