A escravatura, também nomeada de escravidão ou escravismo no Brasil, é a prática social em que um ser humano tem direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força. (Dicionário Digital Wikipédia)
A escravatura foi abolida do Brasil em 1888, com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel.
Com ela os negros se tornaram “livres” da opressão dos brancos.
Passados mais de 100 anos, estamos diante de uma nova relação de escravismo, com novas regras, mas que se enquadram dentro da definição clássica do termo.
Porém, não são mais os “brancos”, mas sim os “bancos” (gostaram do trocadilho?) os senhores dos escravos, e a condição de escravo já não é mais exclusiva dos negros, atingindo também mulatos, pardos, mamelucos, cafuzos, índios, e todas as misturas de cores e raças possíveis e imagináveis, inclusive, é claro os próprios brancos.
Vejamos como funciona este escravismo moderno:
Os senhores dos escravos eram donos de toda a produção do trabalho dos escravos, que apenas tinham o direito de ficarem calados e trabalhar. Hoje, é um pouco diferente, no começo, depois de certo tempo, fica igual.
Os bancos cobram juros absurdos, e cobram juros absurdos sobre estes juros absurdos e tornam as dívidas absurdamente impagáveis, fazendo com que uma dívida de R$ 1.000,00 se transforme em uma absurda bola de neve que em poucos meses se multiplica absurda e vertiginosamente. (notaram como há absurdos neste absurdo?)
O que no começo era uma dívida que consumia 10% ou 20% do salário começa a consumir 30%, 50% ou mais.
Como os senhores de escravos, eles não têm dó ou piedade, e se o escravo não cumpre com sua obrigação (de trabalhar, ficar calado e destinar o fruto do seu trabalho para eles) “voluntariamente”, eles tomam o que entendem que é seu por direito e se apoderam de seu salário logo que ele cai na sua conta.
Se você consegue se livrar de ter a conta raspada, bem, aí você vai ser castigado, mas não por chicotadas no tronco, embora isto seja uma idéia tentadora para eles, mas de algumas formas mais modernas e “humanitárias”, como ser cobrado dia e noite por telefone, cartas e cobradores, seja em casa, no trabalho, nas férias, na casa de parentes e vizinhos. Seu nome vai para o SPC e SERASA e depois eles vão atrás de seus móveis, seu carro e sua casa. Aliás, tudo já é deles a partir do momento que você se tornou escravo.
Veja as semelhanças:
1- Você está preso e não tem para onde fugir;
2- Tem que trabalhar e entregar o fruto do seu trabalho para eles;
3- Se não entregar, eles tomam de você;
4- Se eles não conseguirem tomar de você “por bem” é a hora de tomar “por mal”, é hora da punição: 5 anos de chicotadas no SPC e SERASA, mandam os “feitores” (leia-se “empresas de cobrança”) chicotearem você dia e noite.
5- Depois, eles tornam-se proprietários de seus bens (carro, casa, etc) e você é descartado.
- Esse já foi! Agora é hora de pegar outros escravos! Coloquem os panfleteiros nas ruas!
“Olha o crédito fácil e rápido! Sem consulta ao SPC e SERASA!”
- Lá vem mais um. Preparem as correntes!
Ah, ia esquecendo: outras semelhanças:
6- O escravismo moderno, como aquele do século 19, tem o aval do Governo, que dá carta branca para que os bancos cobrem os juros que bem entenderem, além é claro de taxas e mais taxas sobre todo e qualquer serviço e taxas com siglas que você sequer entende;
7- A Justiça está do lado dos senhores de escravos.
Ao invés de defender os oprimidos,a Justiça tem demonstrado total parcialidade em favor das instituições financeiras, sendo que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) que se intitula “Tribunal da Cidadania”, apenas se limita, em suas decisões favoráveis aos bancos, mesmo em casos em que a taxa de juros cobrada seja de 400% ao ano, a alegar que “as taxas de juros cobradas, não demonstram abusividade excessiva contra o consumidor pois estão dentro das taxas médias praticadas pelo mercado”.
Que mercado é esse? Não pode ser o mercado brasileiro! Será que estamos falando do mesmo país?
Como explicar que a cobrança de juros de 400% ao ano não é excessivamente abusiva em um país onde o salário mínimo teve alta de menos de 10% ao ano, a taxa SELIC é de 13,00% ao ano, a inflação prevista para 2010 é de 4,5% ao ano e a poupança rende cerca de 0,6% ao mês ?
Detalhe: Esta mesma poupança pela qual os bancos “remuneram” os clientes “poupadores” com 0,6% ao mês é utilizada por eles para emprestar aos próprios clientes com taxas de juros que chegam a 15% ao mês.
É bem justo! Vejamos: Você deposita R$ 1.000,00 e ganha R$ 6,00 por mês. Você pega R$ 1.000,00 emprestado, que eles pegam de sua própria poupança e ainda tem que pagar R$ 150,00 ao mês.
Bem, há aqueles que defendem o banco e vão dizer que sou um “sem vergonha defensor dos caloteiros”. Já sei até as frases de defesa (e ataque) que vão utilizar:
- “o cliente assinou porque quis”;
- “ele sabia o que estava assinando e os juros que iria pagar”;
- “ele tinha escolha de não assinar”, e
- Agora a mais clássica: “Assinou tem que pagar”.
Bem, para estes só faço esta pergunta:
Você culparia os negros pela escravidão?
Então não culpe o cidadão por estar escravizado pelas dívidas que se multiplicam mês a mês por juros e encargos estratosféricos, com aval do Governo e da Justiça.
Este pobre coitado não tem ninguém a seu favor, é apenas um escravo. Depois querem mudar a nossa visão de que o Brasil não é um país subdesenvolvido, mas sim “um país em desenvolvimento”. Até poderia ser, se estivéssemos em 1800.
Viva o futebol, Viva o Carnaval, Viva o BBB, Viva a cervejinha.
Séculos se passaram e a política de Roma ainda é bem utilizada.
Enquanto eles nos dão o circo nem notamos que aquele que está do nosso lado está sendo devorado pelo leão dos juros e os próximos somos nós. Hei, o leão já comeu minha perna enquanto eu estava aqui distraído com a novela.
Em países ricos e desenvolvidos os bancos e outras instituições financeiras têm o papel de subsidiar a sociedade e alavancar o país para o crescimento. No Brasil são parasitas gananciosos que sugam a sociedade até a última gota, até não sobrar mais nada, apenas a miséria!
Onde estará a nossa a nossa Lei Áurea? Socorro Princesa Isabel!
Fonte: Site www.endividado.com.br
Obs.: Após eu ler o texto acima, confesso, ainda vivemos uma escravatura?