Wednesday, 22 September 2010

Mitos e verdades sobre cloud computing

Cloud computing está “na moda”. Estava presente em todas as listas das principais tecnologias de 2010, no Brasil e no mundo. Está entre os temas mais comentados e explorados por jornalistas, comentaristas e blogueiros. Para completar, todas as principais empresas do mercado de TI, e algumas desconhecidas, estão desenvolvendo ofertas na nuvem.


No entanto, como acontece com toda tecnologia emergente, ainda existe muita confusão na mente dos usuários, e até mesmo de alguns fornecedores, sobre o que exatamente é cloud computing, como isso funciona, o que pode ser movido para a nuvem ou não, e assim por diante. Dentro desta confusão, podemos destacar 7 mitos principais.


Cloud computing é algo totalmente novo


Na verdade, os conceitos que deram origem a noção de cloud computing vêm da década de 60, quando foram colocadas pela primeira vez as idéias de se utilizar computadores da mesma forma que usinas de geração de energia elétrica. A própria arquitetura da nuvem é muito similar aos birôs de serviço, onde vários usuários realizavam tarefas e rodavam programas no mesmo grande computador.


Do ponto de vista do usuário final, uma aplicação na nuvem é simplesmente uma aplicação que roda inteiramente através do navegador, sem dados no computador local. Neste sentido, aplicações na nuvem já existem há anos.


Cloud computing é igual a XaaS


Muitos fornecedores, aproveitando carona no fato de que cloud computing virou termo da moda, e arquiteturas “qualquer coisa como serviço” (XaaS) também, tentam afirmar que os dois são a mesma coisa. Isso não é verdade: um aplicativo que roda inteiramente na nuvem pode ser comercializado como serviço, mas pode também ser oferecido gratuitamente, ou com uma assinatura mensal.


A confusão se origina no fato de que a maioria das ofertas da nuvem são feitas sob o modelo de serviço. Ofertar algo como serviço faz parte da estratégia de venda das empresas. A computação na nuvem é um modelo econômico de oferta de serviços, que se aplica a todas as empresas.


Cloud computing é ecologicamente correta


“TI Verde” é outra palavra da moda no universo da tecnologia, e as pessoas rapidamente associaram TI verde a cloud computing. Não se pode negar que colocar dezenas de usuários e aplicativos em um data center compartilhado traz um ganho de eficiência enorme.

Ao mesmo tempo, se este data center é operado 100% sobre energia que vem da queima de carvão, ele vai poluir muito mais do que um computador ineficiente que é alimentado por energia hidroelétrica. Se a base energética da nuvem for mais poluente, utilizar cloud computing pode resultar em maiores emissões do que operar internamente, apesar dos ganhos de eficiência.


Qualquer aplicação pode ser movida para a nuvem


Embora alguns fornecedores queiram convencer a todos nós, isso simplesmente não é verdade. A nuvem apresenta grandes problemas para a segurança da informação.

Embora a informação passe a ter maior disponibilidade, as questões de privacidade e integridade da informação se tornam muito mais importantes: qual garantia eu tenho de que meu provedor de e-mail não está olhando ou até mesmo modificando o conteúdo dos meus e-mails?

Com nossos e-mails pessoais, é difícil acontecer, mas e se o provedor enxergar minha empresa como uma competidora?
Em outros casos, a arquitetura de nuvem simplesmente não faz sentido. Aplicações de processamento muito intensivo, que utilizam extensivamente os recursos de um servidor dedicado, por exemplo, não serão boas candidatas para a migração para a nuvem, uma vez que não existe ganho de eficiência no compartilhamento de recursos não utilizados.


Cloud computing reduz custos


Talvez sim, talvez não. O modelo econômico da computação na nuvem reduz o custo inicial de investimento, uma vez que os usuários pagam apenas pelo que forem utilizar. Ao mesmo tempo, níveis muito elevados de utilização podem resultar em um custo operacional maior do que se o software fosse internalizado.


Outra questão a ser levada em consideração é a eventualidade de problemas com o serviço. Imagine uma empresa que utiliza uma solução de CRM na nuvem, e que tem um custo de R$ 100 milhões caso fique inoperante durante 1 mês. Se a solução de CRM oferece um SLA (Acordo de Nível de Serviço) de 99% de disponibilidade, podemos fazer uma estimativa grosseira de um custo potencial de 1 milhão de reais por mês no contrato.


Acesso disponível 24 horas, 7 dias e de qualquer lugar


O acesso a nuvem depende do acesso a internet, e, em países com redes de telecomunicações bem desenvolvidas, isso é verdade. Infelizmente, não é verdade no Brasil inteiro. Principalmente quando saímos do eixo RJ-SP, a noção de acesso contínuo à rede é uma ilusão. Desta forma, não existe a garantia real do acesso 24/7 aos aplicativos na nuvem.


Cloud computing é apenas para empresas grandes


Na realidade é o oposto, faz muito mais sentido para empresas menores, mais novas. As empresas grandes tem maior desconfiança, maiores requerimentos em termos de auditoria e garantias de segurança, exigem SLAs maiores, e podem ter até mesmo restrições legais para o uso de soluções na nuvem. Empresas novas, menores, em geral têm menos desconfiança e muitas já nascem com o conceito de ter tudo hospedado externamente. A perspectiva é de que essas empresas sejam responsáveis pela maior parte do crescimento do mercado de cloud computing.


Diferente de outras “modas” de tecnologia, que aparecem, fazem sucesso, e depois somem, cloud computing é um modelo econômico para toda a indústria, que não vai desaparecer, mas sim ocupar cada vez mais espaço dentro das empresas. Várias empresas já utilizam soluções na nuvem com sucesso, e a tendência é de crescimento. No lado das plataformas, as vantagens de custo e disponibilidade são importantes atrativos que abrem um enorme espaço de crescimento, especialmente no Brasil.


*Thoran Rodrigues é diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Stone Age tech.

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