Em 2013, a 46 milhões de transações on-line foram autenticadas pela ClearSale, totalizando R$ 353 milhões. No estado do Rio, 3,42% das negociações foram na verdade tentativas de fraude, um pouco acima da taxa de toda a região Sudeste, que é de 3%. São Paulo ficou com 3,18%; Minas Gerais, com 2,13%; e Espírito Santo, com 2,04%. Norte e Nordeste aparecem como as duas áreas do país com mais tentativas de golpes no comércio on-line, com 5,2% e 5%. O Centro-Oeste registrou 3,4% e o Sul, 1,5%.
De acordo com o levantamento “Tentativas de fraude e volume de compras no comércio eletrônico brasileiro em 2013”, que examina o comportamento do setor durante o ano passado a partir das transações analisadas pela ClearSale, o tipo mais comum de fraude é o uso indevido de dados e os itens mais procurados são produtos de informática, celulares, peças automotivas e passagens aéreas.
Embora lidere percentualmente o ranking de tentativas de fraude, o Norte representa apenas 4% de todas as vendas on-line dos últimos 12 meses. O Nordeste ficou com 15% das transações, o Centro-Oeste, com 7%, e o Sul com 13%. Já o Sudeste respondeu por 61% do comércio eletrônico do país em 2013.
Rafael Lourenço, diretor de Inteligência Estatística da ClearSale, que detém mais 70% do mercado de autenticação de vendas e tem como clientes as maiores varejistas do país, destaca que compras via internet podem ser feitas por outra pessoa que não o dono do cartão de crédito. Até que a fraude seja identificada pelo titular, o produto já chegou até o fraudador. Para ele, não há prejuízo porque recebe o dinheiro de volta. Já o varejista fica com a perda, porque, como a compra é feita à distância, sem assinatura ou senha, o risco é assumido por quem vende.
Sistema de avaliação
Lourenço explica que todas as vendas feitas por seus clientes são submetidas a um sistema que avalia elementos como o montante, o item e o local da entrega. Com base em informações como essas, estima-se por meio de um sistema automático a propensão de fraude. Outras negociações passam por validação manual, com os dados do cliente sendo verificados por uma pessoa.
- Empresas que vendem apenas celular têm até 40% de suas vendas submetidas à validação de um call center. Já grandes varejistas apenas de 10% a 15% das transações são passadas para validação. As demais são aprovadas automaticamente. De 85% a 90% das transações são aprovadas automaticamente.
Lourenço diz que o índice de fraudes por estado é formado com base em quantos cliques são entendidos como tentativas de fraude:
- Agrupamos as transações por estado de entrega e vemos quantas tentativas de compra foram tentativas de fraude, quantas transações impedidas.
Para validar uma compra, a ClearSale recorre também a informações armazenadas em seu próprio banco de dados.
- Usamos não apenas os dados fornecidos para a compra que está sendo avaliada, mas também dados de compras anteriores. No caso de validação manual, o analista pode ligar tanto para o fraudador quanto para o verdadeiro dono do cartão, com base em informações registradas no seu históricos - diz Lourenço.
Motivos de bloqueio
O executivo admite que nesse processo de validação pode haver um bloqueio incorreto, mas afirma que é difícil que isso ocorra. Quando o consumidor tiver certeza de que não há motivo para que sua compra seja bloqueada, orienta, ele deve entrar em contato com o SAC da empresa e perguntar qual é a origem do bloqueio.
- Um bloqueio pode ocorrer por dois motivos, suspeita de fraude, pela ClearSale, por exemplo, ou pelo próprio cartão de crédito, por falta de limite. Bancos e emissores de cartão também têm mecanismos para evitar fraude.
O perfil mais suspeito de bloqueio, de acordo com Lourenço, é da pessoa que compra pela primeira vez para entrar em região de risco.
- Sabemos que há um mercado negro de dados que vêm de diferentes fontes, da internet e até de CDs vendidos com em camelôs. No varejo, há quem tire foto de frente e verso do cartão do consumidor para tentar fraudar ou quando uma compra feita por telefone e o consumidor passa seus dados.
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