Os motivos podem ser diferentes, mas o governo dos Estados Unidos usa as mesmas táticas de invasão a computadores empregadas por cibercriminosos. Foi o que disse nesta terça-feira o especialista em segurança Bruce Schneier durante a Be Mobile Conference, evento promovido pela BlackBerry que acontece em Miami (EUA) nesta semana. Autor de diversos livros sobre o assunto, Schneier é reconhecido como um dos principais especialistas em segurança digital do mundo.
A diferença do que faz a NSA e um criminoso está no depois, quando a rede já foi invadida, se ele irá espionar os usuários ou roubar dados de cartão de crédito como foi com a Target”. No ano passado, hackers acessaram informações de 40 milhões de clientes da rede de lojas de eletrônicos.
Alvo de espionagem pela NSA, o Brasil é para Bruce Schneier um país que tem tido uma posição firme sobre ciberespionagem, ao lado da Alemanha. Para Schneier, ambos os países estão tomando atitudes interessantes que podem alterar o cenário atual.
Em se tratando de Brasil, o especialista citou a recente aprovação do Marco Civil, que além de regular a internet foi visto como uma resposta do governo às informações contidas nos documentos vazados por Edward Snowden.
Ataques anônimos são característica de guerra cibernética
Não saber o autor e o motivo do ataque é a principa diferença das ações pela internet em comparação ao que acontece nas guerras como as que conhecemos do passado. “Podemos identificar a origem dos ataques pelos alvos, mas é impossível ter certeza de quem e por quê. Em uma guerra tradicional, os Estados Unidos poderiam ser identificados nas ruas pelo tanque que só eles eram capazes de comprar, hoje não é mais assim”, exemplifica.
Para Bruce Schneier, essa impossibilidade de saber quem está por trás de um ataque e por que, se por dinheiro ou poder, é um dos grandes desafios, especialmente para os governos. O risco de uma guerra cibernética em larga escala, no entanto, foi descartado pelo especialista, que acredita apenas em ataques isolados e com alvos específicos.
Para Schneier, o desafio atual em termos de segurança é como se proteger, pois na era tecnológica, é muito mais fácil atacar do que defender. O especialista acredita que o caminho seja encontrar formas de descobrir os ataques com mais rapidez, no mesmo dia, minutos depois do ocorrido, e não dois anos depois, como aconteceu com o site do Dalai Lama.
Os administradores do site descobriram somente em 2013 que os servidores da Administração Central Tibetana haviam sido invadidos e infectados por um vírus e que seus visitantes estavam sendo espionados desde 2011. Na época, a Kaspersky divulgou que os ataques provinham da Ásia, possivelmente da China. Mas Schneier alerta que hoje é impossível ter certeza da origem de qualquer ataque, pois todos (pessoas, empresas e governos) utilizam as mesmas táticas.
* A jornalista viajou a Miami a convite da BlackBerry
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