Pane no serviço prejudica quase 2 milhões de clientes da operadora. Cabe pedir indenização
Rio - Os clientes da Claro acordaram ontem com os celulares mudos. No início da manhã até as 15h, os usuários não conseguiram fazer ou receber ligações. De acordo com a empresa, 50% dos 3.883.332 de clientes no Rio e no Espírito Santo acabaram afetados pela “instabilidade nas redes GSM e TDMA” causada por um problema com o fornecedor de equipamentos. Para especialistas em defesa do consumidor, como o serviço foi interrompido sem a devida comunicação, quem se sentiu prejudicado com o ‘caladão’ pode exigir desconto na conta e pedir indenização na Justiça.
A empresa não informou o tempo em que o serviço ficou fora do ar. Mas alguns clientes afirmaram que a interrupção chegou a 12 horas. O auxiliar administrativo Rodrigo de Jesus, 22 anos, depende do celular para fechar negócios. “Tinha ligações do banco e de clientes para receber. Como estava incomunicável, sem dúvida acabei com prejuízo financeiro”, reclamou. Como Rodrigo, os clientes acreditaram ser um defeito do aparelho. “Pensei que era problema do meu chip. Senti falta de uma satisfação”, disse.
A corretora Fernanda Ribeiro, 26 anos, também ficou preocupada. “Esperava uma ligação, mas estava demorando demais. Mais tarde descobri que o telefone estava fora de serviço. Estou apreensiva, pois posso ter perdido minha cliente”, lamentou. O operador de telemarketing Carlos Costa, 20, e o amigo Marlon Souza, 18, tinham combinado de se encontrar, mas faltava marcar o lugar. Só conseguiram porque usaram telefone da concorrente.
O ‘caladão’ deixou aflita a economista Lílian Marília, 34 anos, grávida de nove meses. Ela ficou sabendo do problema quando tentou falar com o marido e a mãe, após sair do consultório da obstetra que tinha pedido um exame de emergência. “Tive que manter a calma e voltar para casa”, contou Lílian.
A Embratel, fornecedora do equipamento afetado da Claro, informou que a interrupção ocorreu devido a uma queda de energia. Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o problema pode ter impacto nas metas de qualidade da Claro. A Anatel vai investigar o quanto a interrupção atingiu ligações no horário de pico. A empresa pode ser multada.
O dia não foi bom para Claro em outro aspecto. As ações de sua controladora caíram 13%, fazendo a empresa perder US$ 14 bilhões do valor de mercado, após obter lucro menor que o esperado no trimestre.
REPOR PERDAS - O PASSO-A-PASSO
DICAS PARA USUÁRIOS
Para a coordenadora da Pro Teste ( Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), Maria Inês Dolce, o cliente que não foi informado do defeito pode pedir desconto na conta proporcional ao tempo em que o sistema ficou fora do ar. “O Código de Direito do Consumidor prevê que na má prestação há direito ao desconto”, diz. Maria Inês alerta que o cliente pode pedir também o ressarcimento de gastos extras.
O advogado José Roberto de Oliveira, presidente da Associação Nacional da Defesa ao Consumidor e Trabalhador (Anacont), lembra ainda que, com base no Artigo 22 do Código, a operadora tem que prestar serviços eficientes, seguros e contínuos. Se não fez isso, pode ser acionada na Justiça. “Prejuízos do consumidor têm que ser cobrados da operadora. No caso de não fechar negócio, basta enquadrá-la em lucro cessante”, acrescenta.
Uma manicure que, por exemplo, não conseguiu trabalhar porque as clientes não conseguiram falar com ela pode procurar o Juizado Especial. Basta pedir para a cliente informar por escrito que a procurou e não conseguiu localizá-la. Pessoas que não conseguiram falar com médicos, fechar grandes negócios (como compra de imóveis) ou se desencontraram de parentes que vinham de viagem também podem procurar a Justiça, alegando dano moral ou prejuízos financeiros.
Fonte: Jornal O Dia
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