Rio - A cana-de-açúcar, que nos últimos anos já se destacava pelo seu crescimento expressivo na Matriz Energética Brasileira, alcançou em 2007 um patamar inédito. Segundo os dados preliminares do Balanço Energético Nacional – BEN, divulgados
nesta quinta-feira pela EPE, a participação dos produtos derivados da cana (entre os quais o etanol e o bagaço) na composição das fontes primárias de energia utilizadas no país chegou a 16%, ocupando a segunda posição entre os energéticos mais
demandados no ano passado – atrás apenas do petróleo e derivados, com 36,7%, e superando a energia hidráulica, com 14,7%.
No geral, a demanda brasileira por todas as formas de energia (que no jargão técnico é chamada de Oferta Interna de Energia) cresceu 5,9% em 2007, totalizando 239,4 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep). A taxa de expansão foi superior a da economia brasileira no ano passado, de 5,4% segundo o IBGE. O maior crescimento dentre todas as fontes, na comparação entre os dois últimos anos, ficou com os produtos da cana-de-açúcar, cuja oferta cresceu 17,1%.
A forte expansão reflete o crescimento do consumo do etanol e o uso mais intenso do bagaço para geração de energia termelétrica. O grande responsável por esse avanço no uso energético da cana foi o etanol, cuja demanda total (consumo interno mais exportações) foi de 20,1 bilhões de litros.
Apenas o consumo doméstico de álcool hidratado apresentou aumento de 46,1%, chegando a 10,4 bilhões de litros em 2007. Suportou esse crescimento do etanol o aumento da produção de cana. A safra produziu 495 milhões de toneladas (crescimento de 15,7%), explicada, em parte, por aumento de produtividade, uma vez que a área colhida cresceu apenas 8,2%, abrangendo 6,7 milhões de hectares.
Além disso, contribuíram para a expansão do etanol a decisão do governo de aumentar de 23% para 25% a proporção de álcool anidro na gasolina “C” e a expansão da frota de veículos flex fuel, que se beneficiaram de preços médios mais baixos do que o da gasolina (em contraposição, o consumo de gasolina “pura” caiu 3,9%). A maior produção de cana significou também maior oferta de biomassa (bagaço).
Renováveis
Outras fontes renováveis, como os resíduos industriais e a energia eólica, cresceram, tomadas em conjunto, 11,8%. Nessas condições, a participação das fontes renováveis na Matriz Energética Brasileira elevou-se de 44,9% em 2006 para 46,4% em 2007. Para efeito de comparação, a proporção de fontes renováveis na matriz energética mundial é de 12,7%, enquanto que nos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – na sua maioria desenvolvidos – essa relação é de apenas 6,2%.
Também cresceu o uso do carvão mineral (8,6%), em razão do aumento da produção e do consumo de coque metalúrgico, de aplicação na indústria siderúrgica, principalmente. Na raiz deste aumento está o crescimento da economia e da produção doméstica de aço. Já o consumo de urânio caiu 9,9%, em razão do decréscimo na produção das usinas termonucleares de Angra 1 e Angra 2.
Essa queda foi em parte compensada pelo aumento de 5,6% na energia de origem hidrelétrica. Todas as demais fontes primárias de energia (petróleo, gás natural, lenha e carvão vegetal) cresceram a um ritmo inferior ao crescimento da economia, o que,
no entanto, não alterou o peso proporcional de cada uma delas na Matriz Energética Brasileira.
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