O Brasil tem 194,439 milhões de celulares em funcionamento – o que representa mais de um aparelho por habitante. Em um cenário assim, a estratégia das operadoras de telefonia móvel se traduz, não em conseguir novos clientes, mas em “roubar” o das concorrentes.
Quem pode se beneficiar disso é o cliente, mas a pechincha deve ser feita com cuidado e planejamento.
Qualquer desconto é benvindo quando considerado o fato de que o Brasil tem uma das tarifas de telefonia mais cara do mundo. Ofertas para “falar com a família e pagar menos”, para “cadastrar números de graça entre favoritos” ou para “acumular pontos e trocar por aparelhos” soam muito atrativas, mas elas também podem significar prejuízo.
Samuel Rodrigues, analista de telecomunicações da consultoria IDC Brasil, diz que desconto bom é aquele que a operadora vai te oferecer para ficar com ela.
- Há uma guerra entre as operadoras e o cliente é um item disputado, então ele tem que tirar vantagem disso.
Ele diz que o segredo para o consumidor é saber exatamente aquilo que ele mais usa no celular. Há quem só gaste com mensagem, há quem tenha o aparelho para navegar na internet e ler e-mails, outros viajam e consomem muito roaming (ligações de longa distância).
Essas características têm muitas variáveis, desde o Estado de onde você fala, até o total de ligações que faz por mês, o número de mensagens de texto ou de dados que envia, se usa internet (e se o aparelho suporta a banda larga 3G ou não). Hoje em dia, é possível negociar pacotes bastante próximos da necessidade de cada cliente.
O primeiro passo é olhar as faturas e analisar quantos minutos, em média, são usados para conversas por mês. Um dos “pecados” cometidos pelos usuários é escolher um plano menor que o necessário, na tentativa de economizar.
Isso é importante porque, em geral, quanto mais caro o plano, menor o valor cobrado por minuto de ligação. Quando o usuário escolhe um plano muito menor do que ele efetivamente usa, acaba pagando mais para falar o mesmo número de minutos. E também vai pagar mais pelos minutos adicionais que tiver de usar quando estourar o limite.
Também é bom ver se a maior parte das ligações é feita para telefones fixos ou celulares – e de que operadoras. Isso porque o valor das chamadas para clientes de uma mesma empresa costuma ser bem menor, então sai mais em conta contratar a mesma operadora das pessoas com quem você mais fala.
Cuidado com o desconto
Mariana Ferreira Alves, advogada do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), afirma que as operadoras investem em publicidade para novos clientes, oferecendo aparelhos modernos e pacotes de serviços que parecem atrativos ao consumidor.
- Antes de fechar qualquer contrato, o cliente deve analisar se aquela promoção vale a pena financeiramente para ele. Ele deve considerar que essas ofertas têm prazo de validade e saber quais as melhores tarifas para o bolso dele durante e depois do período promocional. Além disso, tem que avaliar se tem muitos contatos naquela operadora ou se os amigos e os parentes estão nela para falar com desconto.
Para ela, trocar de operadora só pelo aparelho novo nunca é um bom negócio. Principalmente porque aqui entram outras questões, como a real necessidade desse produto e o tempo de fidelidade que a nova operadora pode pedir “em troca” do celular mais barato – pelas regras da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a empresa pode exigir fidelidade, e cobrar multa caso o cliente queira sair da operadora, por no máximo 12 meses, se oferecer algum tipo de benefício significativo, como desconto na compra do aparelho ou abatimento no valor das mensalidades.
Além disso, praticamente todas as operadoras trabalham com sistema de pontos que acumulam a cada conta paga (ou crédito comprado), que podem render uma troca de aparelho mais pra frente. Mudar de empresa representaria jogar esse dinheiro fora.
Plano errado é prejuízo certo
A coordenadora institucional da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), Maria Inês Dolci, diz que a portabilidade facilitou muito a opção do consumidor de trocar de operadora e poder escolher a melhor prestadora de serviços.
- Mas a mudança só vale a pena depois que o cliente esgotou os benefícios que ele tem [na operadora em que está] e após verificar cuidadosamente se o plano para o qual vai atende suas necessidades.
Ela explica que estar em um plano errado é sempre sinônimo de prejuízo. Uma pesquisa feita pela Pro Teste mostra que os preços podem variar até 814% de um plano para outro e de uma operadora para outra.
Na opinião de Rodrigues, da IDC Brasil, é nesse tipo de desinformação do cliente que as operadoras aproveitam para lucrar.
- Em todas as operações as operadoras não estão sendo boazinhas. Elas querem é lucrar, seja ganhando mais clientes, roubando de outras operadoras ou cobrando um serviço que você não escolheu direito. Por isso é importante barganhar, negociar com a empresa.
O Idec mediu quanto custa errar o plano ideal ou deixar de negociar com a operadora: os consumidores correm o risco de pagar até 72% a mais por mês, de uma operadora para outra, fazendo o mesmo número de ligações.
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