No último sábado, dia 30, véspera do segundo turno das eleições presidenciais, parte da base de assinantes das operadoras Claro, Oi e Vivo no Rio de Janeiro e em São Paulo recebeu um spam enviado por SMS que continha uma mensagem pedindo votos para José Serra, candidato do PSDB.
Não bastasse o fato de a ação ferir regras básicas de privacidade estabelecidas pelo próprio mercado através da Mobile Marketing Association (MMA) e pela Anatel e de constituir crime eleitoral, o que mais chama a atenção é o fato de que as mensagens eram personalizadas, pois incluíam no texto o nome do assinante.
À primeira vista poderia se imaginar tratar-se de um caso de venda de cadastro de mobile marketing por parte de alguma empresa, porém, o caso indica que pode haver um problema mais grave.
Alguns dos usuários impactados não são os titulares da linha, mas seus parentes, que fazem parte de pacotes família ou combo. O alarmante é que os nomes que aparecem nas mensagens são os dos titulares do contrato, informação que, teoricamente, apenas as operadoras deveriam saber.
"É preocupante, com certeza", comenta o chairman da MMA Global, Federico Pisani. Claro e Vivo informaram que estão apurando o assunto e ambas descartaram a hipótese de seus bancos de dados terem sido violados. A Vivo lembrou que segue à risca as regras estabelecidas pela MMA e afirmou repudiar esse tipo de ação.
A Claro aproveitou para reforçar que "não tem qualquer participação em campanhas políticas e veta terminantemente esta prática em seu relacionamento com os clientes". A Oi, por sua vez, limitou-se a dizer que não foi a responsável pelo envio da mensagem em questão.
Alguns dos números de remetentes do spam identificados por este noticiário foram: 4517745, 4518045, 4510845. Segundo fontes do setor de telecomunicações, esses números provavelmente não existem. "É moleza falsificar o remetente de um SMS", garante um executivo do setor.
Acredita-se que foi usado um broker internacional para o envio das mensagens. Investigações preliminares da Claro e da Vivo apontam para esse lado. A Claro informou que os números mencionados fazem parte de rotas internacionais, "que, pela sua natureza, não podem ser controladas, a não ser no caso de alguma ocorrência".
Com um emaranhado de conexões internacionais, as operadoras estão vulneráveis a esse tipo de ação. Se identificada a origem do spam, a conexão pode ser bloqueada, mas nada impede que outras surjam, em diferentes países.
Texto da mensagem
Segue um exemplo da mensagem enviada no último sábado: "Oi FERNANDO, pro Brasil e RIO DE JANEIRO seguir mudando, escolha um presidente honesto e experiente. Vote 45 no domingo". Os nomes do titular da linha e de seu estado aparecem no texto em caixa alta, pois são as partes substituídas em cada SMS no processo de personalização.
É difícil calcular quantas pessoas receberam o spam. Ainda que tenha sido um percentual pequeno da base, o assunto deve ser investigado pelas operadoras com o objetivo de buscar maneiras de evitar novos casos, eleitorais ou comerciais. Uma eventual proliferação do spam no celular seria demasiadamente prejudicial para o desenvolvimento do mobile marketing no País, segundo posicionamento que a própria associação manifestou em várias ocasiões.
Primeiro turno
Também houve spams eleitorais no primeiro turno das eleições. Muitos foram enviados diretamente de celulares em mensagens peer-to-peer (P2P) e faziam propaganda de candidatos a deputados estaduais e federais de partidos variados. Pisani, da MMA, por exemplo, recebeu spams pedindo votos para Rodrigo Betlhem, candidato do PMDB a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Neste caso, a mensagem não era personalizada.
Obs.: um absurdo as grandes “operadoras de telefonia celular” deixar acontecer isso.
Imagina se tais dados caiam em mais erradas? De criminosos pedindo resgate, ou simulando um sequestro?
Nós simples usuários da telefonia devemos repudiar tais ações.
Quando se faz um contrato com as operadoras pedimos para bloquear ligações internacionais, e também deve ter uns itens o que o usuário autoriza ou não autoriza tais como envio de mensagem propaganda, SMS.
As operadoras estão fazendo sim, um sequestro virtual dos nossos dados. Vendendo a quem dá o lance maior, como um leilão de dados.
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