Francesco De Cicco, especialista em Risk Management e diretor executivo do QSP-Centro de Qualidade, Segurança e Produtividade, na entrevista que se segue nos fala sobre a AS/NZS 4360.
MRMN - Como classifica a norma AS/NZS 4360?
FDC - A Gestão de Riscos (GR) é uma disciplina em constante evolução. Neste sentido, para que os stakeholders e os demais e diversificados públicos que adotam a GR possam ter um entendimento comum, quando se trata de administrar os riscos empresariais ¿ e acrescentaria, por que não, com as devidas adaptações, os riscos pessoais e familiares ¿, várias tentativas têm sido feitas para organizar a discussão sobre o tema.
Ao se observar a história, começando pela norma AS/NZS 4360, seguida por normas sobre Gestão de Riscos do Canadá (em 1997), da Grã-Bretanha (em 2000) e do Japão (em 2001), chega-se ao ISO/IEC Guide 73, Risk Management ¿ Vocabulary ¿ Guidelines for use in Standards, publicado em 2002 pela ISO (International Organization for Standardization) e pela IEC (International Electrotechnical Commision) e publicado em português pela ABNT em 2005.
MRMN - Como se define a Gestão de Riscos?
FDC - A publicação ABNT ISO/IEC Guia 73 define 29 termos da GR, que foram agrupados em categorias: a) Termos básicos; b) Termos relacionados a pessoas e organizações afetadas pelos riscos; c) Termos relacionados à análise/avaliação de riscos; d) Termos relacionados ao tratamento e controle de riscos.
Todavia, as definições não foram elaboradas para cada área de aplicação da GR. Cada uma delas procura ser genérica e a mais abrangente possível. O conteúdo do guia é muito mais que um simples “vocabulário”, pois permite aos usuários ter uma boa idéia do que é a Gestão de Riscos. A expectativa do grupo de trabalho que elaborou o ISO Guide 73 é de que profissionais e especialistas das mais diversas áreas, como, por exemplo, finanças, segurança, saúde, e meio ambiente, consigam se entender falando a mesma linguagem.
MRMN - Como funciona o processo de Gestão de Riscos?
FDC - A última versão de 2004 da norma AS/NZS 4360, propõe um processo estruturado para o gerenciamento dos mais diversos tipos de riscos, entre os quais destaco os relacionados à segurança, ao meio ambiente e à qualidade de produtos e serviços. Além deste, relaciono ainda os riscos financeiros e os riscos relacionados a seguros e a políticas públicas. Para proporcionar uma visão panorâmica aos leitores sobre cada etapa do Processo de Gestão de Riscos, mostro a figura 3.1, proposta na AS/NZS 4360.
MRMN - Há riscos “negativos” e “positivos”?
FDC - Embora o conceito de risco esteja ainda bastante associado a perigos e impactos negativos, cresce rapidamente a sua utilização como “chance de alguma coisa acontecer que terá uma conseqüência (positiva ou negativa) nos objetivos”, sendo cada vez mais aplicado tanto ao gerenciamento de perdas como ao de ganhos potenciais.
Nos últimos anos a GR, de maneira geral, tem buscado alcançar o adequado balanceamento entre aproveitar as oportunidades de ganhos e minimizar os impactos adversos. A GR “contemporânea” é parte integrante das boas práticas de gestão empresarial e é também um elemento essencial da chamada Governança Corporativa, sendo desenvolvida como um processo iterativo, composto de etapas seqüenciais, de modo a permitir a contínua melhoria da tomada de decisões e do desempenho da organização.
A GR hoje exige o estabelecimento de uma cultura e infra-estrutura adequadas, além da aplicação de uma metodologia lógica e sistemática para administrar os riscos “negativos” (de perdas), e os riscos “positivos” (de ganhos), associados a qualquer atividade, função ou processo.
Para ser eficaz, a GR deve estar “incrustada” na cultura da organização, nas suas práticas e em seus processos de negócio. Não deve ser vista ou praticada como uma atividade estática
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