Cerca de 38% de toda a planta óptica do Brasil apresenta falhas de dispersão de sinal (PMD, ou modo de dispersão de polarização, em português). Em outras palavras, possuem assimetrias e imperfeições que fazem com que as ondas viajem a velocidades diferentes e a propagação dos pulsos ópticos ocorra de forma aleatória, o que limita a taxa de transmissão de dados nas fibras. Além disso, 46% dessa infraestrutura tem seu sinal enfraquecido ao longo do cabo por apresentar atenuação acima dos 0,24 decibéis (dB) por quilômetro, valor mínimo recomendado por organismos internacionais.
O diagnóstico é do CPqD. Entre backbone e backhaul, cerca de 30 mil quilômetros de fibras foram analisados. Apesar disso, segundo Edna Aparecida Sabatina Saito, da gerência de Marketing de Produto e Inovação Óptica do CPqD, a amostragem representa a realidade de toda a infraestrutura óptica do país.
Grande parte ainda opera com hierarquia digital síncrona (da sigla em inglês SDH), uma tecnologia inferior ao sistema de multiplexação por divisão de onda de luz (da sigla em inglês WDM), que permite a transmissão de dois ou mais canais simultâneos por um mesmo meio de transmissão.
“Nosso parque de fibras está bem desatualizado, some-se a isso a mão-de-obra terceirizada que muitas vezes corta e emenda essas fibras de qualquer maneira”, diz.
Apesar da imunidade à interferências eletromagnéticas e da maior capacidade de transmissão de dados em relação aos cabos metálicos, os cabos ópticos são compostos de fibras de vidro ou de materiais poliméricos com capacidade de transmitir luz de diâmetros ínfimos, da ordem de micrômetros (mais finos que um fio de cabelo) até milímetros. Por isso, são muito sensíveis a torções, dobras, trações e demais condições de stress.
Tendência é piorar
Segundo a especialista, a tendência é que este cenário piore ainda mais se nada for feito. Isso porque os serviços estão exigindo cada vez mais largura de banda e, com a evolução das redes, o enfraquecimento, perda e dispersão dos feixes de luz ao longo do cabo óptico também aumentarão. “Neste ano já começa a surgir as primeiras RFPs (solicitações de propostas) de sistemas de 40 Gbps e a expectativa é que o 100 Gbps chegue entre 2012 e 2013, no Brasil em 2014”, adverte.
Ela cita o exemplo de uma grande operadora nacional que migrou uma parte de seu backbone de 10 Gbps para 20 Gbps. “Fizeram e o sistema caiu, pois 73% do trecho daquela infraestrutura não estava apto para atender esse aumento de capacidade”, revela.
De acordo com a especialista, somente 4% de todo esse backbone carecia de substituição de cabos ópticos. Os outros 96% necessitavam apenas de medições, análises e algumas correções, sem grandes investimentos.
Reparos de fusões malfeitas e instalações de multiplexadores em pontos estratégicos do link, segundo ela, foram suficientes para restabelecer a qualidade de todo o trecho. “As vezes um equipamento multiplex é o suficiente e sete vezes mais barato que um regenerador”, explica.
Edna cita outro dado para justificar a necessidade da consultoria de uma empresa especializada antes de a operadora construir ou buscar evoluir sua malha óptica: “a operadora gastará 30% em novos equipamentos para fazer o mesmo que faria com um simples serviço de análise e readequação da rede”, diz.
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