De acordo com dados da consultoria Teleco, a 3G está presente em pouco mais da metade (51,8%) dos municípios brasileiros. Em março, a banda larga no celular estava funcionando em 2.883 das 5.565 cidades e atendia a 85% da população.
A 4G é um novo padrão de tecnologia chamado Long Term Evolution (LTE), tida como a evolução da rede 3G. A velocidade de conexão chega a ser até doze vezes mais rápida que no sistema atual. No leilão, que deve ocorrer em junho, fala-se em investimentos de até R$ 1,5 bilhão por uma licença nacional, além da construção de milhares de antenas — cada uma custa em média R$ 400 mil.
A Huawei, gigante chinesa que fornece infraestrutura para as empresas de telecomunicações, mostra-se preocupada com o cenário. Maurício Higa, gerente de Marketing de Redes Móveis da empresa, diz que o investimento das teles terá de ser distribuídos entre as duas tecnologias.
— As empresas vão ter que dividir os recursos com 4G. Entre 2010 e 2011, o número de acessos 3G dobrou, passando de 20,6 milhões para 41,1 milhões. Este ano, a meta é de 73 milhões de acessos. Para acompanhar, as empresas investem em estações “radio base”, que irradiam o sinal — diz Higa.
No Nordeste, a conexão móvel rápida caminha em ritmo lento. Por lá, em quase todos os estados, a cobertura 3G não chega a 50% das cidades. De acordo com levantamento feito pela Huawei e a Teleco, em Amazonas, Acre, Tocantis e Roraima a internet móvel não atinge 30% dos municípios.
Em 1.973 municípios não há concorrência
Especialistas destacam ainda outro problema com a 3G, licitada em 2007: a falta de concorrência. Hoje, somente 203 municípios no Brasil contam com as quatro grandes operadoras (Vivo, TIM, Claro e Oi). Em 35% das localidades, ou 1.973 cidades, há só uma operadora. Segundo Eduardo Tude, consultor da Teleco, apenas capitais e localidades com mais de 500 mil habitantes são plenamente atendidas pelas teles. Mas nem isso é garantia de qualidade:
— Nos grandes centros, a qualidade da 3G é variável, não funciona em diversos locais e horários. E não é possível levar o serviço para todas as cidades sem que se tenha capacidade para investir. A demanda é crescente, e as operadoras estão correndo com isso.
Hoje, quem lidera a cobertura nacional 3G é a Vivo, com 2.727 municípios. Em seguida, vêm Claro (866), TIM (502) e Oi (308), segundo estudo da Teleco com base em dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Virgilio Freire, ex-presidente da Vésper e da Lucent, lembra que o cronograma estabelecido pela Anatel poderia ter sido mais ousado. Só em abril de 2013 é que 50% das cidades entre 30 mil e 100 mil habitantes terão 3G:
— Mas não é só isso. Hoje, um município é considerado coberto por 3G se atender a 50% da área urbana. Assim, nem em cidades como o Rio, há 3G em todos os bairros. Em muitas áreas, é o 2G que faz a conexão, mais lenta, aparecendo no celular a letra E, de Edge.
Marcelo Motta, diretor de Marketing da Huawei, lembra que a cobertura melhora à medida que as empresas têm retorno sobre investimentos. Para o diretor de assuntos regulatórios da TIM Brasil, Mario Girasole, a 3G ainda não alcançou a maturidade mercadológica:
— O backhaul (rede de transmissão) no país ainda é frágil para sustentar a transmissão em banda ultra larga (4G).
A Claro, que pretende ter 100% da rede em fibra ótica até meados do ano, afirma que dobrou o número de municípios com 3G em 2011. E que agora está em 876 cidades, dez a mais do que as registradas pela Teleco, em março.
— O foco é chegar onde não há banda larga fixa nos grandes centros urbanos — diz Fiamma Zarife, diretora de Serviços de Valor Agregado.
Os dados de 3G só não são piores porque a Vivo acelerou no último ano. A empresa quer chegar em junho com cobertura em 2.832 cidades. Já a Oi diz que divide seus investimentos com internet fixa e Wi-Fi.
— Olhamos o 3G de forma complementar, levando internet móvel onde não há fixa. As outras teles só tem celular. Estamos lançando o Oi Internet Total (combo com banda larga fixa e móvel) e, assim, ampliando os investimentos. Até setembro, pretendemos atender a 75% da população urbana com 3G. Hoje, é pouco mais de 50%. Estamos partindo para cidades menores — diz Eduardo Aspesi, diretor da Oi.
Moradora do Rio, Michelle Fernandes, diretora de logística da Next Global, classifica a 3G como “fraca”:
— Dentro de casa e do escritório, a internet rápida no celular não funciona. Quando viajo, a situação é ainda pior, pois há falha de conexão.
Enquanto a 4G não vem, algumas empresas começaram a investir na chamada 3G+, cuja velocidade é até três vezes maior que a 3G, e os preços dos planos são entre 10% e 15% maiores.
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