Quase 20% do preço da carne e 40% do valor do telefone celular são impostos, segundo IBPT
Você sabe quanto tem de imposto em um saco de arroz? Você sabia que um quinto do preço de uma garrafinha de água é tributo e que metade do valor da “cervejinha” vai para o cofre do governo? Um levantamento do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) aponta que o brasileiro destina mais de 40% do salário para o pagamento de tributos.
Saiba quanto você paga de imposto de acordo com o produto
O diretor do instituto, Fernando Steinbruch, explica que, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos e na Europa, onde os estabelecimentos comerciais discriminam na nota fiscal o que é tributo e o que é o preço efetivo do produto, no Brasil, o consumidor “está sendo ludibriado porque não sabe quanto paga de tributo quando compra um bem”.
- Fazemos todo ano um estudo da carga tributária para pessoa física e calculamos isso em dias, o que deu 149 dias trabalhados em 2011. Isso representa em torno de 41% de carga tributária. Ou seja, de cada R$ 100 que o consumidor gasta, R$ 41 sai do bolso para pagar impostos. Isso é uma média e vai depender da renda. Quanto maior a renda, mais tributos.
Pequena parte da população brasileira sabe, mas 17% do preço da carne bovina são impostos, mesmo volume de tributos que incidem sobre um saco de arroz. No caso do café, bebida tradicional do brasileiro, o imposto sobe para 20%. Para mercadorias com tecnologia mais avançada, como computador e telefone celular, a carga tributária alcança 40%.
O consultor em finanças pessoais Alexandre Lignus lembra que todos esses impostos são indiretos, já que o brasileiro já tem parte do salário retido na fonte por causa do IRPF (Imposto de Renda de Pessoa Física) e esse dinheiro não é usado corretamente para bancar os serviços essenciais do cidadão.
- Imagine que você recebeu R$ 10 mil de salário, você vai receber R$ 7.250 [R$ 2.750 fica retido na fonte] líquidos. Com o que sobra, você faz o supermercado, onde tem a carga tributária em cima dos produtos, o plano de saúde, a escola particular dos filhos, o seguro do carro, de casa, entre outros.
Para o diretor do IBPT, o sistema tributário brasileiro afeta “fortemente o consumo, incluindo bens, e menos a renda e o patrimônio”. Ele explica que, nos Estados Unidos e Europa, a sistemática de tributação é inversa: tributa-se mais a renda e o patrimônio e menos o consumo.
- No Brasil é inverso porque nossa renda per capita [divisão das riquezas do país pelo número de habitantes] é mais baixa. Mas, ao tributar mais o consumo, há uma injustiça fiscal porque uma pessoa de renda baixa e uma de renda alta pagam o mesmo valor absoluto em tributos. Um trabalhador que ganha um salário mínimo vai pagar o mesmo valor de tributos que dono da empresa onde ele trabalha por um quilo de arroz.
Para onde vai sua grana?
Tudo o que o que se arrecada com tributos é dividido entre o governo federal, os Estados e as cidades brasileiras, que têm a obrigação de aplicar esses recursos em serviços públicos, como escolas, hospitais, creches, delegacias e na contratação de funcionários públicos como policiais, professores, médicos, enfermeiros, entre outros. Esse serviço, porém, quase nunca é bem prestado, lembra Steinbruch.
Apesar das inúmeras críticas à qualidade dos serviços públicos no Brasil, o consumidor não tem como fugir dos tributos, impostos e contribuições. Quem paga imposto, porém, pode reivindicar o melhor uso do dinheiro público, diz Alexandre Lignus.
- O que o brasileiro deveria fazer é se conscientizar, se juntar, reclamar, protestar e brigar pelos seus direitos e conseguir ou a diminuição da carga tributária ou o melhor uso do dinheiro.
Fonte : Raphael Hakime, do R7
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