O projeto SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), que inclui a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), expõe as empresas a perigosas brechas de segurança da informação.
A advertência é do professor Roberto Dias Duarte, cofundador da Escola de Negócios Contábeis (ENC) e membro do conselho consultivo da Mastermaq Softwares.
De acordo com o especialista, as brechas de segurança da informação representam o outro lado da moeda do projeto SPED, que proporciona maior velocidade nas operações mercantis, facilita a circulação de cargas e contribui para combate à sonegação fiscal.
“Se a empresa não se proteger, certamente haverá vazamento de dados sigilosos e considerados estratégicos para os negócios. É o sonho dos cibercriminosos, cada vez mais ativos na web”, argumenta.
Pelos seus cálculos, o Brasil tem hoje aproximadamente 700 mil empresas emitindo a NF-e, quase 500 municípios exigindo a Nota Fiscal Eletrônica de Serviços (NFS-e) e 170 mil empresas transmitindo livros contábeis digitais via Escrituração Contábil Digital (ECD).
No próximo ano, diz ele, 1,37 milhão de empresas participarão da Escrituração Fiscal Digital (EFD) do PIS/Cofins, enquanto cerca de 3 milhões de empresas deverão receber e emitir a NF-e.
Na avaliação do professor, a questão da segurança da informação passa por três pilares: tecnologia, conhecimento e comportamento. E o maior custo para que as empresas se adaptem é o humano.
“Quanto menos conhecimento as pessoas têm, mais tempo gastam para executar uma tarefa ou cumprir uma missão – no caso, proteger os dados da empresa”, explica.
Duarte reforça esta ideia demonstrando-a em uma fórmula bem simples: “se o conhecimento sobre o assunto está muito distante da realidade das pessoas, resta a opção de contratar especialistas. Ou seja, o custo é proporcional à ignorância.”
Nesse cenário, o professor considera a virtualização uma alternativa a ser considerada pelas empresas não apenas em processos fiscais e tributários, mas também em termos administrativos.
“O mundo é digital. Os ativos, cada vez mais intangíveis. Foi-se o tempo em que o diferencial competitivo estava nos bens físicos. A importância do capital está migrando do físico para o intelectual, que é composto de software, metodologia, equipes, conhecimento técnico e sobre os clientes”, declara.
“Deixar o capital intelectual exposto é atestado de óbito. E isso não é ficção científica. É pura realidade”, acrescenta.
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