Arquiteto da informação, analista de mídias sociais, gestor de planejamento estratégico digital, analista de mídia on-line, analista de anúncios em links patrocinados, blogger profissional, consultor em ecommerce, de analista de SEO (otimização de mecanismos de busca, em português). Para quem não sabe, essas são as novas profissões que surgiram com o “boom” das redes sociais e a descoberta delas como um forte meio de divulgação para as empresas.
A remuneração destes profissionais varia de R$ 1,5 mil a R$ 5 mil. Apesar de não haver ainda nenhum estudo mostrando o quanto cresceu em postos de trabalho, uma pesquisa recente do Ibope mostra que o número de brasileiros com acesso à internet em casa ou no trabalho aumentou 13,9% ao final do primeiro trimestre deste ano ante o mesmo intervalo no ano passado. Atingindo assim 43,2 milhões de usuários.
Ainda de acordo com o levantamento, a maior parte do crescimento é decorrente da maior presença de computadores com acesso à web em domicílios, cujo aumento foi de 20,7% no terceiro mês do ano, enquanto o número de computadores conectados no local de trabalho subiu 14% sobre igual período de 2010.
Para Sérgio Sgobbi, diretor de educação e Recurso Humanos da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o amadorismo inicial nas redes sociais deu lugar a um meio de negócio extremamente profissional.
“As empresas descobriram as redes como um meio de divulgar conteúdos relacionados as suas marcas. Profissionais de muitas carreiras estão migrando para esse novo nicho. Jornalistas, publicitários, psicólogos, marqueteiros e sociólogos, entre outros”, avalia Sgobbi.
Celso Fortes, consultor em comunicação digital e novas mídias e diretor de criação da agência digital Novos Elementos, empresa que desenvolve projetos para internet e cuida da vida on-line de várias personalidades e profissionais, afirma que antes de ser profissional, tem que ser usuário.
“Existem profissionais que estão querendo “aprender” a mexer nas redes sociais, mas existe uma nova geração, que vive de redes sociais. Faz parte do DNA deles. Além disso, é só gostar de pessoas e buscar entender as diferenças entre elas”, opina.
Criador do site Innevitável e autor do projeto Sucesso em Poucas Palavras, Fortes fala ainda que este profissional deve analisar e entender o comportamento do consumidor dos produtos e serviços da empresa, buscando informações para serem não só usadas no presente, como no futuro dessa empresa.
“Tem que estabelecer um relacionamento mais próximo entre cliente e empresa e em uma possível crise atuar na solução mais rápida do problema”, informa.
Já para o coordenador da Graduação em Sistemas de Informação e TI da Faculdade Moraes Júnior – Mackenzie Rio, Dércio Santiago, as novas profissões fomentadas pelo desenvolvimento da internet são mais ligadas à comunicação que à tecnologia. Ele diz que o profissional adequado a este trabalho deve conhecer as ferramentas de comunicação e, principalmente, dominar as técnicas tradicionais de redação.
“Os profissionais de jornalismo, de marketing e de design são as principais peças neste quebra-cabeças. Estes se diferenciam dos profissionais ‘da antiga’ porque a internet permite que se fale com uma infinidade de ‘tribos’, cada uma com seu vocabulário e cultura específicos. Antigamente a comunicação tinha que ter muito conteúdo para atender aos interesses das diversas comunidades que dela disporiam”, explica.
Ele destaca que atualmente cada grupo recebe só o que lhe interessa. Exigindo uma comunicação curta, mas com o conteúdo que interessa àquele grupo de leitores.
“De outro modo, a tentativa de comunicação será rejeitada. Isto exige conhecimento de sociologia, antropologia, psicologia, marketing, etc. Além de domínio da língua e da linguagem do grupo com quem se quer estabelecer comunicação”, relata.
Andrei Scheiner, coordenador do curso de Comunicação Social do Centro Universitário Plínio Leite (Unipli), controlado pela Anhanguera Educacional, informa que existem poucos cursos de graduação específicos. Ele diz que Publicidade, Jornalismo, Estudos de Mídia, Ciência da Computação são alguns cursos que tratam o tema com mais destaque.
“O mais comum é encontrarmos cursos tecnólogos que contenham disciplinas focadas nas discussões sobre internet e motivem os alunos a fazerem trabalhos de conclusão de curso que envolvam estratégia e criação de ações que foquem as mídias sociais. Já alguns programas de pós-graduação focam diretamente a área do marketing digital”.
Carolina Siper, gestora em planejamento estratégico digital da agência Worn Marketing de Guerrilha, é formada em Publicidade e entrou na empresa no cargo de diretora de arte, mas a sua paixão pelo mundo digital a levou para o planejamente digital.
“Como sou viciada em internet e vivia dando dicas de vários canais de divulgação da empresa na web, acabei passando a analista de mídias sociais e depois promovida ao atual cargo”, lembra a jovem.
Luiz Méliga, de 21 anos, apesar de estar no primeiro período da faculdade de Publicidade, já atua como analista de redes sociais na Mark Assessoria, da qual é responsável por atualizar conteúdos de duas empresas.
“Todo dia posto notícias de uma empresa de produtos odontológicos e de uma clínica de estética”, conta. (colaborou Simone Schetino)
O FLUMINENSE
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