O número de smartphones e tablets no Brasil ultrapassou os 60 milhões em março deste ano. Quem carrega um deles no bolso leva também um alvo. Em 2011, esses dispositivos móveis estão na mira de cibercriminosos, que acompanham o crescimento da venda dos aparelhos, desenvolvendo conteúdos maliciosos cada vez mais sofisticados para roubo de dados e invasão de privacidade.
De acordo como uma pesquisa da empresa de segurança Kaspersky, o número de ameaças a smartphones e tablets em 2010 aumentou 65% em relação a 2009. As projeções de especialistas são de que 2011 seja o ano das ameaças, com crescimento de pelo menos 42% de ataques. Por isso, um aparelho desprotegido é um alvo fácil.
Ainda segundo o mesmo balanço, foram incluídas no banco de dados da fornecedora cerca de mil variantes de 153 diferentes famílias de ameaças a esses aparelhos, incluindo vírus, pishing, spam, spywares, e outros perigos.
Apesar de a vulnerabilidade de um telefone celular ou um tablet conectado à internet ser considerada a mesma de um desktop ou notebook, os aparelhos de mão são mais vulneráveis porque têm mais entradas para os conteúdos infectados.
Geralmente, computadores estão ligados a uma única porta de comunicação, seja em residências ou empresas. Já a maioria dos dispositivos móveis tem a porta de conexão de dados com a operadora, a entrada de dados via tecnologia Bluetooth, os suportes para cartões de memória e a conexão Wi-Fi – todas suscetíveis à invasão de conteúdo, o que pode resultar em roubos de logins e senhas, dados bancários, números de cartões de crédito, exclusão de informações importantes e até gravações de ligações.
Para o diretor comercial da fornecedora de softwares de segurança Symantec, Paulo Vendramini, a distração do usuário ao manipulá-los também é um fator que ajuda os hackers a disseminarem as ameaças mais facilmente.
– Como exemplo, podemos pensar nas pessoas que acessam as redes sociais por meio do telefone quando estão no trânsito, almoçando, ou em uma roda de amigos. Na maioria das vezes a pessoa entra em um link sem questionar se é suspeito ou não, na pressa de ver ou mostrar o conteúdo para alguém.
Segundo ele, os encurtadores de endereços da web têm sido ultimamente um dos grandes riscos para os proprietários de smartphones. Como a maioria dos links encurtados é semelhante, não dá sequer para imaginar se o conteúdo é suspeito.
– Quando se usa o computador, há a opção de deixar uma janela aberta com uma das várias soluções disponíveis para rastrear links suspeitos, mesmo os encurtados. No celular, além de demorar mais, não é prático copiar um endereço, abrir o navegador, colar e esperar o diagnóstico. Isso passa despercebido.
Por causa das diferentes plataformas, como Android (Google), Symbian (Nokia), BlackBerry (RIM), IOS (Apple) e Windows Phone (Microsoft), os cibercriminosos preferem usar a internet como alvo, já que o acesso a ela é comum a todos os sistemas e só depende do navegador de cada um.
Segundo o especialista em segurança digital da fornecedora de softwares de segurança TrendMicro, Fioravante Souza, os hackers tendem a não perder tempo criando ameaças específicas para cada plataforma e investem em um arquivo ou página da web que possam ser acessados por qualquer aparelho.
– Os ciberataques atingiram uma perfeição que até mesmo os especialistas em segurança têm dificuldade para identificá-los.
Ainda segundo Souza, muito em breve as pessoas vão entender a importância de ter soluções de segurança nos aparelhos assim como têm nos computadores.
Consumidora promete entrar em estado de alerta
A fonoaudióloga Araceli Vasconcelos, de 23 anos, possui um smartphone com o sistema operacional Symbian – uma das plataformas mais atacadas, juntamente com o Android - e tem plano de dados com conexão ilimitada à internet, além da tecnologia Wi-Fi.
Ela usa o aparelho para checar e-mails e se conectar a um programa de bate-papo on line, que unifica Google Talk, Messenger e chat do Facebook.No entanto, não tem software de proteção instalado.
– Os arquivos que abro no e-mail são itens que estou esperando, de pessoas conhecidas. Assim que comprei o aparelho tentei instalar um antivírus, mas não consegui e deixei para lá. Até hoje não tive problemas, por isso não me preocupei em instalar novamente. Mas vou tentar fazer isso em breve.
Araceli diz que os aplicativos que existem no celular permitem que ela visualize os links encurtados na forma original do endereço de web, o que facilita na identificação de conteúdo suspeito ou não.
Os recursos de blindagem
Além dos links postados em redes sociais que podem conter ameaças combinadas, capazes de monitorar o telefone, aqueles recebidos por SMS também são uma ameaça. Muitas vezes eles contêm informações ou anunciam promoções com temas que pertencem ao universo dos usuários e direcionam para sites com “espiões virtuais”, que rastreiam todos os dados do telefone.
Especialistas alertam que, além de manter um software de segurança confiável e atualizado no telefone, o ideal é optar por aparelhos que oferecem, de fábrica, criptografia de dados, bloqueios de conteúdo por senha pessoal, sistemas de identificação do cartão SIM (chip), entre outros recursos que reforçam a segurança de quem usa um smartphone.
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